A Paraíba pode perder duas vagas na Câmara dos Deputados e até seis cadeiras na Assembleia Legislativa se for mantido o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao projeto que atualiza a distribuição de deputados com base no Censo de 2022. A expectativa agora se volta para a atuação do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, que já iniciou articulações para tentar derrubar o veto.
Em contato com uma liderança local, Hugo afirmou que na Câmara o projeto tem maioria para ser aprovado novamente. A preocupação maior está no Senado, onde, segundo o próprio parlamentar, a resistência é significativa.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), já sinalizou a aliados que não tem “urgência” em pautar o veto. Como presidente do Congresso, é ele quem define a data da sessão conjunta para analisar o tema, o que pode adiar indefinidamente a votação.
Líderes do Centrão afirmam que, até aqui, Alcolumbre não demonstrou disposição de enfrentar o Planalto nessa matéria. A avaliação é de que o veto não deve entrar como prioridade na retomada dos trabalhos legislativos, o que deixa a pressão nas mãos de Hugo Motta.
Para derrubar um veto presidencial, é necessário o apoio da maioria absoluta de deputados (257) e de senadores (41), com votações computadas separadamente. Se uma das Casas não alcançar o número exigido, o veto é mantido.
Nos bastidores, o governo aposta justamente na resistência do Senado para garantir que o texto vetado continue sem efeito.
A estratégia de Hugo Motta, segundo parlamentares aliados, será recorrer a uma articulação regionalizada, buscando apoio especialmente das bancadas dos estados que ganhariam vagas com a redistribuição, como Amazonas, Santa Catarina, Ceará e Pará.
A Paraíba, por outro lado, pode sofrer um impacto direto na representação política. O estado deixaria de ter 12 para contar com apenas 10 deputados federais. Na Assembleia Legislativa, a redução seria de 36 para 30 deputados estaduais, com efeitos diretos sobre a dinâmica política local e sobre a distribuição de recursos partidários.
A mobilização de Motta, além de tentar evitar perdas para o próprio estado, busca preservar sua liderança à frente da Câmara diante de um tema sensível, com repercussão nacional e implicações para o equilíbrio federativo.
A decisão de pautar, ou não, o veto agora está nas mãos do presidente do Congresso. Até lá, a Paraíba segue na incerteza.
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