Compra de bolo por mais de R$ 100 mil em leilão de igreja motivou operação contra compra de votos e aliciamento em São Bento



Um único bolo arrematado por mais de R$ 100 mil durante um leilão realizado em janeiro deste ano pela paróquia da cidade de São Bento, no Sertão da Paraíba, foi uma das motivações para a operação “Coactum”, deflagrada nesta quinta-feira (26), que cumpriu 22 mandados de busca e apreensão. Um dos dos alvos da operação foi o empresário que arrematou o bolo e concorre como candidato a vice-prefeito da cidade, Rafael Silva Cavalcante, conhecido como Rafinha Banana, do partido Republicanos. A informação foi divulgada pelo portal G1/PB.

No documento da decisão, é destacado que o MP suspeitou quanto ao valor pago pelo bolo e que pré-candidatos às eleições municipais de 2024 se aproveitaram desse evento para fazer propaganda eleitoral antecipada, mediante lances com altos valores. O órgão explicou que houve prática de abuso de poder econômico. Rafinha foi alvo de busca e apreensão durante a operação.

Na época do leilão, o padre Gleiber Dantas, afirmou que tradicionalmente o bolo é o bem mais disputado no leilão da paróquia de São Bento. O primeiro lance, em 19 de janeiro, foi de R$ 5 mil. No entanto, o objeto se tornou alvo da disputa de dois grupos políticos, de situação e oposição, no município, ambos liderados por primos do religioso, que tem familiares na Paraíba.


O valor subiu surpreendentemente, até um lance de R$ 70 mil ser superado por outro de R$ 100 mil. “Teve uma hora que me deu medo, porque eram dois grupos muito fortes, e ali o que mais estava em cena era mostrar que quem tirasse o bolo tinha mais força política”, afirmou.


“Obviamente os dois grupos tinham intenção de ajudar a igreja, porque só foi para ali quem queria ajudar a igreja, mas ficou claro que havia uma queda de braço. Parecia que um grupo estava chamando o outro para a briga”, disse.


O bolo foi arrematado por Rafinha Banana. Segundo a investigação, esse valor foi pago através de duas transferências no valor de R$ 50 mil, realizadas em nome de terceira pessoa, e complementadas por um outro depósito, de R$ 4 mil, feito por uma quarta pessoa. O MP ainda afirma que Rafinha Banana distribuiu o bolo na comunidade do município de São Bento, o que ficou considerado como ato de campanha.

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