Embora o tarifaço anunciado nesta quarta-feira (30) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha alarmado setores produtivos brasileiros, análises preliminares indicam que uma fatia significativa das exportações poderá escapar da sobretaxa. Segundo estimativas da Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre 40% e 50% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano devem ser poupadas da tarifa adicional de 40% — que se soma aos 10% já anunciados anteriormente, totalizando 50%.
De acordo com a Amcham, cerca de 43,4% das exportações realizadas em 2024 estariam incluídas na lista de exceção prevista na ordem executiva assinada por Trump. Isso equivale a aproximadamente US$ 18,4 bilhões em produtos não atingidos pela nova medida, dentro de um total de US$ 42,3 bilhões exportados aos EUA naquele ano.
Apesar do alívio parcial, a entidade reforça que os danos para setores estratégicos ainda serão significativos. “Embora essas exceções atenuem parcialmente os efeitos da tarifa de 50%, há um impacto expressivo sobre a economia brasileira”, pontuou a Amcham em nota oficial.
A diversidade da pauta exportadora brasileira também foi destacada pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV). Em sua análise, o instituto identificou que nove dos dez principais produtos exportados para os EUA em 2024 estão na lista de exceções. O único item majoritário que será afetado diretamente é o café, responsável por 4,7% das vendas brasileiras ao país norte-americano.
Ao excluir o café da conta, os demais produtos de maior valor responderam por 52,7% das exportações brasileiras para os EUA. Já entre os itens com maior exposição ao mercado americano, o ferro fundido (e suas variações) tem 86% de seu destino comercial nos Estados Unidos, enquanto 63,2% das exportações de aeronaves brasileiras também têm o país como destino.
Os segmentos de café e carnes devem sentir os maiores impactos negativos. Segundo o Ibre, os EUA absorvem 16,7% das exportações de café do Brasil e 8,8% da carne nacional.
Em contraste com o perfil das exportações brasileiras à China — dominadas por petróleo, soja e minério de ferro, que somam 96% das vendas —, as exportações para os EUA demonstram maior diversidade, o que pode ajudar a mitigar os danos provocados pelo tarifaço.
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